quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A preparação

Penso no caminho: “Tenho que parar de fumar”. Champix. Quinto dia.

Ainda fumo porém o prazer no cigarro se foi. Fico ansioso.

Hoje, um ano após o término do meu último namoro, fico sabendo que, “talvez”, eu tenha sido traído em “algum” momento. Dou de ombros, mas, por que ainda dói?

Ego – Esse maldito filho de uma puta.

Preciso parar de falar palavrão.

Mas é a pura verdade.

Vamos lá...

EGO

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nota: Para outros significados de Ego, ver Ego (desambiguação).

Ego é o centro da consciência INFERIOR, diferente do Eu, que é centro superior da consciência. O Ego é a soma total dos pensamentos, idéias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a parte mais superficial do indivíduo, a qual, modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante SELEÇÃO E CONTROLE, de PARTE dos desejos e exigências procedentes dos IMPULSOS que emanam do indivíduo. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer ao id sem transgredir as exigências do superego. Quando o ego se submete ao id, torna-se imoral e destrutivo; ao se submeter ao superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; se não se submeter ao mundo, será destruído por ele.

Para Jung, o Ego é um complexo; o “complexo do ego”. Diz ele sobre o Ego: “É um dado complexo formado primeiramente por uma percepção geral de nosso corpo e existência e, a seguir, pelos registros de nossa memória".

Bem, eu, réles ‘analisado’, e não psicanalista, escuto Jung.

Das 360 cartas trocadas entre eles, entre 1906 e 1913, 164 são de Freud, 196 são de Jung.

Se Freud ‘escutou’ mais, eu devo fazer o mesmo.

EGO

Aí está a nossa desgraça. De todos, absolutamente.

Preciso destruir esse bastardo.

Meu humor anda uma merda pela perda do cigarro.

Tenho que parar de falar tanto palavrão.

Não sei quem me diz isso.

Tenho que ir a Santiago. Isso eu escuto também.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O primeiro passo: a decisão.


O que é o Caminho de Santiago de Compostela?

Era 1989. Eu, com 11 anos de idade, voltando das férias nos EUA com minha família, ouço pela primeira vez o nome ‘Santiago de Compostela’.

Duas senhoras sentadas ao meu lado conversavam sobre o livro ‘Diário de um Mago’, de Paulo Coelho, e assim fizeram durante, pelo menos, 4 das 9 horas do vôo de Nova York à São Paulo.

As duas pretendiam se lançar numa peregrinação de 800 km, saindo do sul da França até Santiago.

Na época, não conseguí entender porque alguém se prestaria a isso, caminhar 800 km, para qualquer lugar que não fosse a Disney. Mesmo as enormes filas que encontrei por lá me fizeram repensar se aquilo tudo valia a pena ou não.

Algum tempo depois, tentei ler o ‘Diário de um Mago’. Devo admitir que a opinião de meu Pai pesou bastante para que eu já iniciasse o livro achando que o autor era um ‘charlatão imbecil’ e ‘que fez o caminho de carro’.

De alguma forma o livro despertou em mim a curiosidade por coisas sagradas.

Objetos, rituais, coisas que procuram estabelecem o contato do homem com o divino. Ou aquilo que está próximo de Deus.

Apesar de (mal)criado numa família e em colégios que se dizem ‘católicos’, nunca fui muito religioso.

Fiz questão de esquecer todas as rezas ensinadas no catecismo. Mantive o ‘Pai Nosso’ pois, no Brasil, até antes ou depois de pelada de futebol se reza.

No Brasil, usa-se Deus para tudo, seja para elogiar nossas riquesas naturais, ou para condenar a nossa miséria.

Desde cedo aprendi que Deus nada tem haver com isso.

Fui crescendo e cada vez mais Deus tornou-se algo distante para mim.

Missa, igreja, só em casamentos, missas de sétimo dia ou algo do tipo.

Ví o crescimento dessas ‘novas’ religiões no Brasil, e, ainda hoje, devo dizer que tenho certa desconfiança em ‘crentes’, ‘evangélicos’, e suas variações.

Nesse tempo todo, cresci, com todos os percalços possíveis, me formei, comecei e terminei alguns relacionamentos, iniciei e encerrei carreiras, conheci outros lugares, outras culturas, fiz parte de outras famílias, comecei e terminei uma análise que durou 7 anos.

Nada disso me fez perder ou preencher um pouco do enorme vazio que tenho dentro de mim.

Em 2007, depois de sair de mais um relacionamento, vi-me novamente frente ao Caminho de Santiago.

Completando 30 anos, jovem promissor em carreira numa multinacional no Rio de Janeiro, sentia-me no topo do mundo, mas a frustação de mais um relacionamento desfeito me deixava triste.

Numa dessas viagens que a gente faz para colocar tudo para trás, encontrei uma pessoa que trouxe de volta minha curiosidade e determinação de ir à Santiago de Compostela. Num daqueles rompantes de paixão, laço-me para a Europa, numa viagem incrível, com o final em Santiago de Compostela.

Minha primeira impressão de Santiago foi mágica. Chegando à praça do Obradoiro, escuto o som de gaitas de fole, à luz do sol se pondo, peregrinos chegando de suas caminhadas, nos rostos expressões que não seria capaz de descrever.

Alí eu entendi que o segredo não está no fim, não está na cidade em si, mas sim no Caminho.

E percebi, ao olhar cada um dos peregrinos que davam entrada na praça, que aquela seria também a minha forma de me reaproximar de Deus.

Preparo-me física e psicológicamente para esse reencontro. Certamente, vou precisar, pois levarei comigo, 30 anos, e um pedacinho de todos aqueles que fizeram, fazem e farão parte da minha vida.

Ultreia y suseia!

 


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